Liderado pelas professoras doutoras Mayra Rodrigues Gomes e Rosana de Lima Soares, sediado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
O artigo traz um esforço inicial de compreender a “midiatização da nova classe média” e sua circulação de discursos a partir do discurso da revista IstoÉ Dinheiro, observando sua visão de classe midiatizada. Para isso, buscamos compreender algumas relações entre identidade, discurso e consumo e observar o que a comunicação tem a dizer sobre classes sociais no cenário atual. A partir da análise de reportagens, há narrativas de superação individual junto com a imagem de um “Brasil que dá certo”. Além disso, pode-se afirmar que a revista reproduz o discurso hegemônico sobre o que é ser da “nova classe média”.
A professora da ECA Rosana de Lima Soares, uma das líderes do MidiAto, publicou dois trabalhos em parceria com Gislene Silva, professora da Universidade Federal de Santa Catarina.
A frágil reflexão acadêmica sobre teorias e procedimentos de crítica de mídias no Brasil demonstra um primeiro sinal de vitalidade quando observamos que, apesar de esporádicas, as publicações sobre essa problemática vêm compondo um quadro cumulativo. No universo midiático tem sido a televisão que mais provoca diferentes tipos de crítica (acadêmica, jornalística e popular-social), em especial em relação aos seus programas de ficção, com destaque para as telenovelas – raras as críticas e os estudos sobre como fazer a crítica de telejornais, programas de humor, de esporte, de auditório ou reality shows.
Na Rumores– Revista Online de Comunicação, Linguagem e Mídias, publicada pelo MidiAto, as pesquisadoras apresentaram o artigo O método Análise de Cobertura Jornalística e o acontecimento noticioso da doença do ex-presidente Lula, no qual defendem “uma perspectiva teórico-epistemológica”, pela qual entendem “ser metodologicamente viável pesquisar em uma das três instâncias do circuito comunicativo (produção, produto e recepção) dinâmicas que informem sobre as demais”. A partir do pressuposto de que “o acontecimento jornalístico pode ser observado e analisado por meio das marcas que o processo de produção da notícia deixa visíveis no próprio produto acabado”, as professores defendem a hipótese de que “as coberturas jornalísticas, entendidas como estratégias de apuração e angulação, configuram um mesmo acontecimento social em diferentes acontecimentos jornalísticos”.
Referências:
SILVA, Gislene, SOARES, Rosana de Lima. “Para pensar a crítica de mídias”. Famecos, Porto Alegre, v. 20, n. 3, 2013.
SILVA, Gislene, SOARES, Rosana de Lima. “O método Análise de Cobertura Jornalística e o acontecimento noticioso da doença do ex-presidente Lula”. Rumores, São Paulo, v. 7, n. 14, julho-dezembro 2013.
Nara Lya Simões Caetano Cabral, pesquisadora do MidiAto, é uma das autoras do artigo “Vozes periféricas: expansão, imersão e diálogo na obra dos Racionais MC’s”, publicado na última edição da Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. Com Leandro Silva de Oliveira e Marcelo Segreto, Cabral apresenta uma reflexão sobre a obra do grupo de rap paulistano Racionais MC’s, “ressaltando momentos de interlocução entre seus dois últimos álbuns de estúdio: Sobrevivendo no inferno, de 1997, e Nada como um dia após o outro, de 2002”.
No resumo, os autores dizem que verificam “nesse percurso discursivo a presença de vozes que se entrelaçam e apontam para um discurso coletivizado, buscando a identificação da periferia com a retórica do grupo, mas que apontam também para uma imersão na subjetividade, para a problematização do próprio discurso, atuando como uma forma de depuração da experiência social na favela” e que “Sobrevivendo no inferno compreende um momento de inflexão no pensamento do quarteto”. Além disso, “temas e perspectivas presentes, ainda que embrionariamente, no primeiro álbum analisado, apontam para os dramas que ganham corpo no segundo”.
Referências
OLIVEIRA, Leandro Silva de; SEGRETO, Marcelo; CABRAL, Nara Lya Simões Caetano. “Vozes periféricas: expansão, imersão e diálogo na obra dos Racionais MC’s”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 56, 2013.
O último número da revista“Galáxia” (capa ao lado), publicada pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, tem artigo de Rosana Soares, professora da USP e uma das coordenadoras do MidiAto, em parceria com a professora Gislene da Silva, da UFSC. O texto “O jornalismo como tradução: fabulação narrativa e imaginário social” traça ligações entre os estudos de jornalismo e de tradução, dois campos, em princípio, desconexos. Um dos objetivos do trabalho é ” demonstrar possibilidades que ultrapassem a visão tradicional de que o jornalismo traduz fatos cotidianos para aqueles que não os vivenciaram e que a tradução linguística traduz textos originais para os que não podem decodificá-los, ambos os processos afeitos ao modo fiel, objetivo e veraz”.
No resumo do artigo, as autoras dizem que:
Tais visões compartilham a crença em certas dicotomias, como a separação entre verdade e linguagem, referencialidade e ficcionalidade, realidade e fantasia, fato e relato. Busca-se, desse modo, questionar a tradição da objetividade jornalística e da fidelidade ao texto por meio da assunção do caráter narrativo desses discursos e das marcas culturais neles presentes e das implicações disso no imaginário social.
Referências:
SILVA, Gislene da; SOARES, Rosana de Lima. “O jornalismo como tradução: fabulação narrativa e imaginário social”. Galáxia,São Paulo, v. 13, n. 26, 2013.
O MidiAto marcou presença no PósCom – Seminário de Alunos de Pós-Graduação da PUC-Rio, realizado no início deste mês. A pesquisadora Fernanda Elouise Budag, doutoranda na ECA-USP, apresentou o trabalho “Era uma vez: construção narrativa de Once Upon a Time”.
Tomando por base aportes teóricos dos estudos da linguagem, Fernanda procura traçar reflexões acerca do universo ficcional de uma produção audiovisual contemporânea: “Once Upon a Time”. No trabalho, ela diz que “os eixos centrais da análise giram em torno de: discursos circulantes; formações discursivas; interdiscurso; representações; funções narrativas; conexões da linguagem com a psicanálise e ordem simbólica”. Além disso, como a história “se desenrola entre o Mundo Real e o Reino Encantado”, as reflexões de Fernanda são atravessadas por “relações entre real e imagem”.
A íntegra do trabalho não está disponível online. Para mais informações, contate o MidiAto.
Referências:
BUDAG, Fernanda Elouise. “Era uma vez: construção narrativa de Once Upon a Time”. PósCom 2013, 4 a 7 nov. 2013.